A proctologia dos Estados Unidos iniciou em 1857, quando Joseph B.Mathews, após treinamento no St. Marks Hospital, tornou-se o primeiro proctologista americano, um dos fundadores da American Society of Proctology em 1889 e seu primeiro presidente. Como na Inglaterra, nos Estados Unidos a especialidade se desenvolveu rapidamente, criando-se centros de pesquisa e treinamento. Na Europa, em particular na França, houve desenvolvimento semelhante, embora os países de influência germânica prosseguissem com seu modelo de formação de cirurgiões generalistas.
A coloproctologia brasileira, teve seu inicio no Rio de Janeiro em 1914 com o Dr. Raul Pitanga Santos, sendo à época o Dr. Sylvio D’Avila o seu maior divulgador, fundador em 1945 e primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Proctologia. Ainda hoje, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia mantém sede no Rio de Janeiro, onde reúne a segunda maior associação de proctologistas do mundo.
O desenvolvimento da coloproctologia em São Paulo, ocorreu com a criação do Serviço de Cirurgia Colorretal no Hospital das Clínicas, chefiado pelo Prof. Daher Elias Cutait de 1947 a 1983.
Na Santa Casa de São Paulo, o início da especialidade deve-se ao Dr. Levy Sodré, que instalou o ambulatório de proctologia em 1942. A partir daí prosseguiu sob orientações dos Profs. Haroldo de Azevedo Sodré e principalmente Waldir da Silva Prado, na época chefe da seção de proctologia do Serviço de Gastroenterologia, tendo como assistentes Peretz Capelhuchnik, José Mandia Neto, Paulo Ogawa e outros. Com a criação do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciência Médicas da Santa Casa em 1965, chefiado pelo Prof. Emilio Athié, o grupo de coloproctologistas manteve no Departamento um núcleo de especialistas orientados pelo Prof. Waldir da Silva Prado, e também o ambulatório, onde houve a participação do Dr. Milton Cesar Ribeiro.
O grupo trabalhou durante um período chefiado pelo Prof. Francisco Cavalcanti da Silva Telles.
No Departamento de Cirurgia, a partir de 1967 se desenvolveram diversos grupos de cirurgia geral, chefiados por remanescentes das antigas enfermarias de cirurgia da Irmandade, entre os quais os Profs. Waldir da Silva Prado, Caetano Zamith Mammana, Luiz Oriente, Francisco Cavalcanti da Silva Telles, Francisco Ranieri, Nairo França Trench, Rui Dahas Carvalho, Álvaro Dino de Almeida, Carlos Estevão Frimm, Hugo João Filipozzi, Geraldo Vicente de Azevedo e outros.
Estabeleceram-se disciplinas especializadas, sendo os médicos do antigo Serviço de Gastroenterologia, absorvidos pelo Departamento e dispersos na nova estrutura e a partir de 1969, foram reunidos em grupos sob a orientação e chefia geral do diretor Prof. Emilio Athié.
Vários professores foram responsáveis por criar as disciplinas da Faculdade de Ciências Médicas e na Disciplina de Cirurgia, os grupos não possuíam definição das atividades especializadas. A partir de 1971, passaram a se dedicar espontaneamente, a áreas específicas. Em 1984, com o Departamento sob a direção do Prof. João Fava, separam-se as áreas de cirurgia do esôfago e hipertensão portal, estômago e tireóide, vias biliares e pâncreas e coloproctologia, redividindo-se posteriormente até formarem as atualmente existentes. A coloproctologia foi considerada no Departamento, durante o período, como uma das áreas da cirurgia geral, embora se dedicasse ao atendimento específico das doenças do cólon e reto, visto que a partição visava segmentar o aparelho digestivo. Nesta ocasião, a chefia da área passou ao Prof. Peretz Capelhuchnik e em 1996 ao Prof. Wilmar Artur Klug.
Em vista da evolução alcançada pelo grupo e dos meios tornados disponíveis pela Irmandade, a Área IV (Coloproctologia) foi reconhecida em 1967 pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia para estágio de treinamento especializado para obtenção do Título de Especialista, em convênio daquela Sociedade com a Associação Médica Brasileira. Obteve também, em 1999, o reconhecimento da Comissão Nacional de Residência Médica para residência especializada sendo conferido aos egressos certificado equivalente a especialistas referendado pelo Conselho Federal de Medicina. A partir de 2003, com o Departamento de Cirurgia sob a chefia do Prof. Luiz Arnaldo Szutan, a coloproctologia passou, no âmbito do Departamento, ao estado de disciplina, subdividida em áreas.
A coloproctologia como especialidade no Brasil
Como especialidade cirúrgica, a coloproctologia é uma das mais antigas e tradicionais, em muitos países. A Sociedade Brasileira de Coloproctologia desde a sua fundação em 1945 é filiada à Associação Médica Brasileira.
A Coloproctologia é uma das 56 especialidades consideradas pela American Medical Association e uma das 15 existentes no Japão, onde várias especialidades correntes no Brasil não são reconhecidas. No Brasil a questão foi organizada e sistematizada pelo convênio de reconhecimento de especialidades médicas, firmado entre o Conselho Federal de Medicina,
Associação Médica Brasileira e Comissão Nacional de Residência Médica. A Resolução CFM nº 1.634/2002 reconhece 50 especialidades médicas no Brasil, entre as quais a Coloproctologia, com área de atuação complementar em cirurgia videolaparoscópica e colonoscopia.
Segundo a Comissão Nacional de Residência Médica, a especialidade coloproctologia exige como pré-requisito a formação em cirurgia geral, e por isso, foram criados programas de residência nessa especialidade em várias universidades, incluindo a Cirurgia da Santa Casa de São Paulo.
No que diz respeito a divulgação dos conhecimentos especializados, existem inúmeras publicações importantes na literatura mundial. No Brasil, a mais importante é Journal of Coloproctology, conhecida outrora como Revista da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, editada regularmente desde 1981.
Coloproctologia como disciplina no ensino
Como disciplina, diferenciada da cirurgia geral, a coloproctologia existe em algumas faculdades, especificamente nas federais. Há disciplinas de coloproctologia na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, na Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O primeiro Docente Livre e Professor Titular de Proctologia do Brasil foi Sílvio D’Avila.
No treinamento pós-graduado de especialistas, existem 31 serviços credenciados no Brasil pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia, nove em São Paulo, entre os quais inclui-se a Disciplina de Coloproctologia do Departamento de Cirurgia da Santa Casa de São Paulo.
Autor: Prof. Dr. Wilmar Artur Klug